sábado, 14 de setembro de 2013

Anacleto Angelo Zanatta


Prezado Frei Paulo

Demorei em lhe responder, pois estava procurando a cópia da certidão de nascimento de meu avô (que estamos usando para obter a cidadania italiana para toda a nossa família). Pelo que sei, meu avô, Anacleto Angelo Zanatta, nasceu em Villorba, em 13 de julho de 1887, acho que é província de Veneza (lembro que minha avó sempre dizia que nosso avô era vêneto).  Seus pais foram Domenico Zanatta (nascido em 29 de janeiro de 1853) e Maria Maddalena Coraccin Zanatta (nascida em em 18 de maio de 1853). Pelo que sei, meu bisavô veio para o Brasil em 1892 com meu avô, Anacleto Ângelo Zanatta com cinco anos de idade, e sua, Santa Tereza Zanatta, (nascida em 23 de abril de 1881), com 10 ou 11 anos de idade. Sei ainda que meus bisavós tiveram mais cinco filhos que morreram ainda crianças. Imagine-se as condições sanitárias na Itália daquela época. Não importa para nossa pesquisa, mas eu faço questão de homenageá-los lembrando seus nomes: Ângelo Domenico (viveu quase três anos), Giovanni Giuseppe (viveu pouco mais de um ano), Luigi Andreá (viveu menos de um ano), Teresa Carlota (viveu cerca de um ano e meio) e Giuseppe (viveu pouco mais de um ano). Comenta-se que na época em que eles migraram, havia uma fome imensa na Itália. Eles certamente passavam fome, o que pode, além das condições sanitárias sofríveis, ter provocado a morte da “molecada”. Segundo informações da consultoria que levantou estes anos para minha família, a família Zanatta está distribuída em 257 cidades na Itália, sendo que o ramo da família estudado encontra-se na Província de Treviso. O casal Anacleto e Maddalena estabeleceram-se numa fazenda em São Sebastião da Grama no Estado de São Paulo, na divisa com o Estado de Minas Gerais. Eram apenas agricultores, se não me engano. Parece também que com eles “vieram”, mais dois ou três primos, não sei se casados ou solteiros. Um teria ido para Divinolândia (na época vilarejo na divisa entre Minas e São Paulo, também na região de São Sebastião da Grama), e o outro ou outros para o sul do país, mais especificamente no Paraná. Nunca tivemos informações sobre estes primos. Nem sabemos se os sobrenomes deles eram Zanatta. Também não se sabe por qual razão, meu bisavô não manteve relações com a sua família na Itália, com parentes que não migraram. Não era falta de alfabetização para escrever cartas, porque sempre soubemos que todos sabiam ler. Eu tenho uma fantasia que talvez eles tenham brigado antes de migrar... porque não é normal este isolamento. Sei, porém, que meu avô, quando já adulto, recebia correspondência da Itália, era inclusive assinante de uma certa publicação anarquista. Sei também que, italianos no Brasil, se mobilizaram por ocasião da condenação de Sacco e Vanzetti nos Estados Unidos. Eu gostaria muito de descobrir toda esta história. Parece então que meu bisavô (Domenico) se isolou dos parentes que possivelmente existiriam lá ou aqui. Isso para nós significa que nosso “ramo” Zanatta, desconhece qualquer relação com os outros Zanattas. Minha irmã, quando esteve morando por um ano no sul da França para acompanhar o marido em viagem de estudos, conseguiu esta certidão, a qual me referi no começo da história.    

Minha tia avó, Santa Teresa Zanatta, casou-se com Romano Zaboto em São Sebastião da Grama. O casal teve nada menos que 22 filhos. Meu pai e seus irmãos sempre tiveram ótimas relações com os tios e primos. Mas aos poucos, com o passar do tempo, estas relações foram diminuindo (certamente devido a desatenção dos descendentes) e hoje, ela está praticamente restrita a uma das primas de terceiro ou quarto grau que ainda mora em Divinolândia (esta cidade fica a pouco mais de meia hora de Poços de Caldas). Recentemente, por ocasião do enterro de meu pai, eu revi esta prima, Madalena. É uma mulher muito bonita e muito querida por todos da minha família, só não estou lembrando de quem ela é filha. Um dos primos de meu pai, João Zaboto, morou na casa de minha avó durante toda a vida... Ele trabalhava com ela na chácara que ela tocava... Era o João Zaboto da nossa infância. Pessoalmente conheci um outro primo do meu pai, chamado Ângelo Zabotto. Sua esposa, Benedita (Dita), já falecida. Ângelo viveu 106 anos e morreu recentemente em São Sebastião da Grama. Entre os filhos do casal Ângelo e Dita, uma delas que também viveu algum tempo na casa da minha avó, é muito querida: Rosa Zabotto. Quando eu era menino, eu adorava a Rosa (que ria muito e cantava muito bem) e depois que ela foi embora para Campinas/SP e se casou, eu nunca mais a vi. (Minha filha mais nova se chama Maria Rosa... Além de gostar muito do nome e do charme que ele tem, foi talvez uma maneira que eu tive de homenagear esta pessoa tão querida). Se não me engano, o Angelo (este que morreu com 106 anos) era o filho mais velho dos 22 do casal Santa e Romano. De modo, que certamente, alguns deles, seus netos e bisnetos estejam por ai... para serem redescobertos, especialmente no interior do estado de São Paulo.

Meu avô casou-se com Eva Veronezze, brasileira, criada na Itália. Uma longa história. Resumindo: A mãe de minha avó casou-se na Itália e imigrou para o Brasil. Aqui nasceu minha avó. Daí o marido ficou muito doente “não se adaptando ao clima no Brasil”, segundo conta minha tia Anita. Daí o casal voltou para a Itália, e lá tiveram os outros filhos (mais quatro ou cinco, se não me engano). A situação continuava difícil e meu bisavô foi sozinho trabalhar na Alemanha, deixando a mulher e os filhos no vilarejo onde moravam anteriormente (Toscolano, Província de Bréscia, perto do lago de Garda, como me contava minha avó). Ele não aguentou a vida na Alemanha e voltou para a Itália para morrer. Viúva, minha bisavó juntou os filhos e veio para o Brasil novamente. Foi morar com a mãe e as tias em São Sebastião da Grama. Mas a vida de uma viúva com um monte de filhos pequenos, parece que estava incomodando... e ela decidiu aceitar a corte de um outro viúvo de sobrenome Scacabarozi (não sei se a grafia está correta) que tinha filhos e filhas. Você pode imaginar final mais interessante para está história? Três irmãos da minha avó se casaram com três das filhas do segundo marido da minha bisavó... é ou não uma história muito melhor que as novelas da televisão? Mas estes são os Veronezze e os Scacabarozi. Ficam para outra pesquisa.

Então “seu” Anacleto Ângelo Zanatta e “dona” Eva Veronezze se casaram em São Sebastião da Grama e se mudaram para Poços de Caldas. Meu avô que era marceneiro e fogueteiro (mesmo...) foi trabalhar como caseiro no Colégio das Irmãs Domenicanas em Poços de Caldas. A agricultora era minha avó, que cuidava das hortas e das frutas do Colégio. Os bancos da capela do Colégio São Domingos em Poços de Caldas (hoje Paróquia) foram feitos por ele. Daí eles compraram um terreno próprio para uma chácara e se mudaram para lá. Quer dizer, eles não... quem comprou foi minha avó... que, dizem as más línguas, mandava nele pra valer... ela “botou na cabeça” que ia comprar o terreno, pegou o dinheiro, e mesmo com a discordância dele... (lembra que ele não era agricultor...) foi lá e comprou. Neste terreno foi plantada uma chácara maravilhosa. A chácara da Dona Eva, onde havia linhas de parreira com uvas e muitos figos, pêssegos e ameixas (sempre ensacados com saquinhos de papel manteiga costurados na velha máquina de costura de minha avó) além das verduras. Minha avó “tocou” esta chácara, com a ajuda do João Zabotto e eventualmente de alguns empregados, até o fim da vida. A chácara de Dona Eva era praticamente um ponto turístico na cidade, onde os “veranistas” iam comer frutas colhidas frescas, sentados debaixo de um caramanchão coberto de flores, ou comprá-las e levá-las em cestas tecidas de bambu (todos os filhos eram exímios artesãos em tecer as tais cestas) embalados em folhas de parreira ou de taioba. Além das uvas, a chácara produzia figos “pingo de mel” e pêssegos deliciosos e perfumados. Neste terreno onde era a chácara, hoje moram alguns dos descendentes de meus avós. Meus irmãos e eu (com exceção da mais nova) nascemos numa casa nesta propriedade, todos pelas mãos de minha avó que era parteira e atendia as mulheres grávidas de toda a região, e até gente da cidade (naquela época a chácara ficava distante do centro da cidade). Foi com este terreno e com este trabalho do qual os filhos participavam que meus avós (vovô também continuava fazendo seus móveis e seus foguetes para abrilhantar as festas da Igreja) criaram os oito filhos, meus tios e meu pai.

1.       Maria – A mais velha casou-se com Pedro Neri. Morou em Poços de Caldas até ficar viúva, quando mudou para Niterói para morar em companhia da filha até o fim da vida. Teve dois filhos :

a)      Ângelo (Nenê) que teve dois casamentos. Do primeiro casamento, com Nadir, teve duas filhas – Leila e Mônica, e um rapaz – Ângelo. Do segundo casamento com (Norma?) um filho chamado Erlander. As filhas e os filhos deste meu primo são casados atualmente. As duas mulheres moram em Brasília e dois homens no Rio de Janeiro.

b)      Terezinha (Ica) está cansada até hoje com Gerovaldo Oliveira. O casal mora em Niterói/RJ. Eles tiveram um filho – Luiz Roberto – que é casado com Bárbara, que não tem filhos e mora em Curitiba, e uma filha, Cássia, que continua solteira e mora com os pais.

2.       Ângelo (Angelim) casado com Elisa Togni, ambos falecidos, sempre moraram em Poços de Caldas. Tiveram cinco filhos...

a)      Eva casou com Luiz Borges de Carvalho e teve apenas um filho, André, hoje casado com Vilma (segundo casamento) com quem tem um filho. Eva faleceu muito nova e seu marido casou-se novamente.

b)      Maria casou com Luiz e tiveram três filhos: Kátia, Kenio e Kleber. Maria faleceu e seu esposo casou-se novamente com Norma. Kátia é viúva de Carlos e tem três filhos: Francisco, Caio e Maria Clara, todos menores. Kátia não se casou novamente. Kenio casou-se com Márcia e tem uma filha pequena – Gabriela. Kleber ainda está solteiro.

c)       José (Zeco) casou-se com Maria Helena Ramos (Suzi) em São Paulo onde mora até hoje com o único filho, Marcelo. Ficou viúvo há cerca de 5 anos e não casou-se novamente.

d)      Elisa (Lizinha), casou-se com Reinaldo Ghigiarelli, moram até hoje em Poços de Caldas e tiveram 6 filhos:

i.                     Helenisa (casada com Armando, com quem tem dois filhos, Rafael e Adriano);

ii.                   Mariângela (casada com Carlos Henrique com quem tem dois filhos, Felipe e Sônia Elisa);

iii.                  Anderson (casado com Denise, com quem tem dois filhos: Samuel e Emanuel);

iv.                 Regiane (casada com Júlio com quem tem três filhos);

v.                   Evânia (casada com Gustavo com quem tem dois filhos), e

vi.                 Tiago, que ainda está solteiro. Com exceção de Anderson, todos os outros moram em Poços de Caldas.

 

e.      Anacleto casou-se com Eliete. Tiveram dois filhos Sybila e Márcio que ainda estão solteiros. Faleceu recentemente. Morava em São Paulo, onde ainda residem sua viúva e seus filhos.

3.       Antônio (Nico ou Toninho) casou-se com Iara Paranhos. Depois de casado foi morar em São Paulo. Faleceu há seis anos. É com certeza, o mais conhecido membro da minha família. Músico, tio Nico teve uma orquestra, que na década de 50 viajou por todo o país, e pela Argentina e Uruguai. Trabalhou  como músico na TV Record em São Paulo na época de “ouro” daquela emissora., quando foram produzidos os grandes festivais de música, a Jovem Guarda, o Fino na Bossa, entre outros programas famosos. Aliás, Tia Iara era cantora fantástica, e até hoje ela canta muito bem, mas só para a família. O casal teve quatro filhos:

a)      Antônio Justino – casado com Airma, tem dois filhos – Bruno e ?, mora em São Paulo.

b)      Eva Alice – casada com Elvis Andrade, tem dois filhos – Vinicius e Beatriz e mora em São Paulo.

c)       Paulo José – já foi casado e não tem filhos – mora em São Paulo.

d)      Carlos Henrique – solteiro, mora com a mãe em São Paulo.

4.       Catarina (Kate). Casou-se com Raimundo da Costa, falecido três anos após o casamento. Moravam em Belo Horizonte. Após o falecimento do marido, tia Kate voltou morar na casa da mãe em Poços de Caldas e não mais se casou. Faleceu há três anos. O casal teve dois filhos.

a.       José (Zezé) casado com Eunice, mora em Poços de Caldas e tem três filhos:

i.                     Fabiano já foi casado e tem um filho – Juan.

ii.                   Karina está solteira.

iii.                  Lucas também está solteiro.

b.      Terezinha. Casada com Milton Vieira, tem duas filhas:

i.                     Mirian: separada do primeiro marido com quem teve dois filhos – Henrique e Letícia, ainda menores de idade. Casou-se novamente e ficou viúva. Mora com os pais e os filhos em Poços de Caldas.

ii.                   Marisa, casada com Mauro Raphael com quem tem duas filhas: Marina e Marcela que ainda são menores de idade.

5.       Domingos, casou-se com Nair. Teve apenas uma filha. Domingos faleceu há no vê anos. Nair não voltou a se casar e mora em São Paulo.

a.       Lenita – casada com Francisco Ferraroli. O casal tem dois filhos solteiros, Bianca e Felipe e ainda moram em São Paulo.

6.       Teresa. Foi religiosa da Congregação das Irmãs ?. Seu nome religioso era Irmã Maria José. Morreu muito jovem, com vinte e poucos anos, em São Paulo.

7.       José é o meu pai. Papai casou-se com Maria de Rezende, natural de São Pedro da União em Minas Gerais. Papai morreu a pouco mais de um ano com 76 anos de idade. O casal teve quatro filhos.

a.       Carlos Eduardo (52), que sou eu. Casado com Cláudia Regina Merçon de Vargas, uma capixaba. Temos três filhos. Ricardo (22, nascido em São Paulo), Gabriel (20, nascido em Vitória) e Maria Rosa (18, nascida em Brasília). Ricardo tem um filho, mas não está casado. Meu neto se chama Vinícius Veríssimo Zanatta. Moramos todos em Brasília há 19 anos.

b.      Paulo Roberto (51) é casado com Valdênia Araújo, tem duas filhas menores: Mariana e Patrícia. Moram em Poços de Caldas.

c.       Maria Teresa, (48) é casada com Marcelo Libânio Coutinho, e tem dois filhos solteiros: Estevão e Raquel. Moram todos em Belo Horizonte.

d.      Maria Cecília, (40) é casada com Antônio Sole (segundo casamento) e do primeiro casamento tem uma filha, Elisa. Moram no Rio de Janeiro.

8.       Anna (Anita) é casada com Juvenal Martins. O casal não tem filhos. Moram em Poços de Caldas.

                          

 

Um comentário:

Unknown disse...

Carlos Eduardo Zanatta, que escreveu esse texto, faleceu em 2006. Assim, como outros faleceram e outros nasceram, alguns casaram e outros divorciaram.
Eduardo foi umas uma das pessoas mais inteligentes que conheci, escritor nato, iria gostar de inserir as atualizações da família na história que ele escreveu!